domingo, 26 de agosto de 2012

"O Retrato de Dorian Gray" (1945)

(The Picture of Dorian Gray) De: Albert Lewin, Com: Hurd Hatfield, George Sanders, Angela Lansbury, Donna Reed, Lowell Gilmore, Peter Lawford, EUA – Suspense – P&B – MGM – 1945.

Baseado na obra homônima de Oscar Wilde, o filme O Retrato de Dorian Gray chegou às telas quarenta e cinco anos após a morte de seu polêmico criador. O romance, que foi publicado na Inglaterra pela primeira vez em abril de 1891, além de ter sido mal recebido naquela sociedade Vitoriana, sofreu ainda, graças a seu conteúdo hedonista e homoerótico, diversas criticas negativas. Com o passar dos anos o livro foi tornando-se símbolo da juventude intelectual decadente da época e hoje é um dos maiores clássicos da literatura britânica de todos os tempos, imortalizado também como a obra prima do autor. Realizado com ostentação, requinte e razoável fidelidade a fonte, o filme da Metro Goldwyn Mayer convence. Foi sucesso em seu lançamento e mantém-se até a atualidade como um ótimo trailer de suspense e drama. A escolha do papel central, a principio, foi destinado ao ator Basil Rathbone, porém a Universal negou-se de emprestá-lo a MGM devido seu enorme sucesso na série Sherlock Holmes. Diante disso o estúdio das estrelas recorreu ao novato Hurd Hatfield que acabou interpretando magistralmente o “herói” de Wilde. Mais tarde Hatfield confessou não entender porque havia sido escolhido para o papel considerando-se feio e inferior ao “Adônis que se diria feito de marfim e pétalas de rosa” descrito por Wilde; O filme, assim como o livro, conta a história de Dorian Gray (Hatfield) um jovem aristocrata que vive em Londres no final do século XIX. Dono de uma beleza ímpar, Dorian aparenta ser um rapaz ingênuo e acima de qualquer suspeita. Porém, após ser retratado pelo amigo Basil Hallward (Gilmore), e conhecer os ideais hedonistas de Lorde Henry Wotton (Sanders) o inocente rapaz passa a idolatrar seu quadro de tal forma que chega a oferecer sua própria alma em troca da eterna juventude estampada pelo amigo. Tendo seu pedido aceito, Dorian se condena a eterna jovialidade enquanto seu quadro passa a envelhecer transparecendo, além dos sinais do tempo, todos seus pecados. O filme foi muito bem produzido, venceu o Oscar de melhor fotografia, possui uma trilha sonora tocante (o que inclui a performance de Lansbury com Goodbye Little Yellow Bird), ótima direção de arte, interpretações comoventes e interessantes efeitos (como as sequências do retrato, filmadas em Technicolor). Consagrado como um dos grandes filmes da MGM, O Retrato de Dorian Gray resistiu muito bem ao tempo, encontrando-se hoje entre os grandes clássicos do cinema.

✩✩✩✩


Basil recebe ajuda da pequena sobrinha Gladys para finalizar sua obra 
Dorian Gray é apresentado ao hedonista Lorde Henry Wotton
Que passa a lhe pregar seus ideais 
Dorian após aceitar as idéias de Lorde Henry passa a frequentar a noite londrina
E Em uma taberna conhece sua grande paixão
Sibyl Vane
Os apaixonados Dorian e Sibyl
A Pequena Gladys cresce e Dorian permanece o mesmo
O misterioso Dorian Gray
Hurd Hatfield "quase um astro"
George Sanders caracterizado como Lorde Henry, um coadjuvante de peso
Cartaz original do filme

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

"Jovens Prodígios"

Desde os primórdios do cinema, como se sabe, os principais personagens dos principais filmes sempre foram destinados aos melhores astros e estrelas de seus respectivos estúdios. Esses artistas na maioria das vezes (para não se dizer sempre) são adultos, homens e mulheres dotados de grande talento e beleza (salvo obviamente algumas exceções).No que se diz respeito a filmes sérios e direcionados ao público adulto são poucos os estrelados por crianças e adolescentes, restando a esses geralmente os papéis secundários. No entanto, alguns têm desempenhos tão bons que, mesmo atuando como coadjuvantes, acabam roubando a cena alcançando dessa forma seu merecido sucesso e até mesmo um digno lugar ao sol. Ao longo da história do cinema foram poucos os astros e estrelas que se consagraram ainda mirins, sendo menor ainda o número dos que conseguiram permanecer nessa posição até a fase adulta.


Astros e estrelas mirins que se tornam bem sucedidos quando adultos:
Elizabeth Taylor, Mickey Rooney, Judy Garland e Nathalie Wood.
Abaixo alguns que tiveram o sucesso limitado a infância:
Freddie Bartholomew, Jackie Cooper, Macaulay Culkin e Shirley Temple.

Abaixo destaco dez jovens prodígios que (segundo minha opinião) não só roubaram a cena com suas ótimas atuações, como fizeram delas, as melhores de todas na história do cinema.
                                     

                                      10- Mickey Rooney (1920-2014 )

Falar de Mickey Rooney é falar de um grande ator, quer seja em sua fase mirim ou adulta, Rooney é hoje uma verdadeira lenda viva. Eleito pelo Guiness Book o ator com a mais longa carreira do teatro e do cinema, Mickey realmente começou bem cedo, para ser mais preciso, em 1927 ainda no cinema mudo. Nos anos seguintes após estrelar diversas comédias leves e familiares o ator se imortalizou com seu personagem mais famoso, Andy Hardy interpretando-o em uma série de filmes. Todavia, segundo minha opinião, o melhor trabalho de Mickey Rooney foi como Puck em Sonho de Uma Noite de Verão (1935) de William Dieterle e Max Reinhardt .


Mickey Rooney como Puck em Sonho de Uma Noite de Verão (1935)

9- Judy Garland (1922 - 1969)

Atuando desde 1936 em razoáveis filmes, Judy Garland se transformou em ícone do dia para a noite após sua ótima performance em O Mágico de Oz (1939) de Victor Fleming. A atriz que na altura já era adolescente, só conseguiu o papel de Dorothy Gale quando a Fox se negou a emprestar Shirley Temple à MGM. Garland por sua vez dando um show de interpretação acabou transformando o filme no maior Cult Movie infantil de todos os tempos.


Judy Garland é Dorothy Gale em O Mágico de Oz (1939)

8- Henry Thomas (1971-)

Consagrado no cinema como Elliot o protagonista amigo de E.T o Extra-Terrestre (1982), Henry Thomas não poderia faltar a essa lista. Dono de uma excelente interpretação, o filme preferido de Spielberg deve parte de sua emoção a performance desse jovem ator que viu sua carreira se restringir a pequenos papéis coadjuvantes. Atualmente atua na TV em diversas séries.  

Henry Thomas é Elliot em E.T o Extra-Terrestre (1982)

7- Giorgio Cantarini (1992 -)

Com apenas cinco anos, Giorgio Cantarini brilhou e encantou o mundo com sua comovente atuação na comédia dramática A Vida é Bela (1997) de Roberto Benigne. Diante do sucesso Ridley Scott o levou a Hollywood onde interpretou o filho de Maximus no épico Gladiador (2001), hoje, embora tenha começado sua carreira em produções premiadas, encontra-se na Itália onde participa de filmes de baixo orçamento.

Giorgio Cantarini é Giosué Orefice em A Vida é Bela (1997)

6- Enzo Staiola (1939 -)

O italiano Staiola tinha apenas nove anos quando estreou no clássico neo-realista Ladrões de Bicicletas (1948) de Vittorio De Sica, sua interpretação foi grandemente elogiada garantindo-lhe a fama imediata. Em 1954 chegou a trabalhar ao lado dos consagrados Humphrey Bogart e Ava Gardner no clássico americano A Condessa Descalça. Com o fim da infância a carreira do ator sucumbiu e hoje vive anonimamente em seu país de origem.

Enzo Staiola é Bruno Ricci em Ladrões de Bicicletas (1948)

5- Tatum O´Neal (1963 -)

Até o momento é a atriz mais jovem da história a vencer o Oscar de Coadjuvante. Com Concorrentes do peso da veterana Silvia Sidney e da revelação Linda Blair, Tatum O´Neal levou a melhor imortalizando-se ao lado do pai Ryan O´Neal no ótimo Lua de Papel (1973), depois desse, tendo sua curta carreira entrado em declínio, afasta-se definitivamente do cinema.


Tatum O´Neal é Addie Loggins em Lua de Papel (1973)

4- Rick Schroder (1970 -)

Já em sua estréia ganhou um Globo de Ouro por seu excelente desempenho como T.J Flynn no remake de O Campeão (1979) de Franco Zeffirelli. Apesar de todo o sucesso em seu primeiro filme a carreira do ator não emplacou na tela grande e o mesmo se resumiu a pequenos trabalhos na televisão.

Rick Schroder é T.J Flynn em O Campeão (1979)

3 - Brandon De Wilde (1942-1972)

Imortalizado no cinema com seu personagem Joey Starrett de Os Brutos Também Amam (1953), De Wilde, embora viesse de uma família ligada ao teatro, nunca alcançou o merecido sucesso, oscilando entre bons e maus momentos em sua vida artística. Voltou há brilhar novamente em 1963 ao lado de Paul Newman em O Indomado. O ator que faleceu ainda muito jovem em um trágico acidente automobilístico foi homenageado pelos amigos Gram Parsons e Emmylou Harris na bela canção My Hour of Darkness.

Brandon De Wilde é Joey Starret em Os Brutos Também Amam (1953)

2 - Roddy McDowell (1928-1998)

Por mais que o britânico naturalizado americano McDowell tenha estrelado ao longo de sua carreira diferentes tipos de filmes, passando dos infantis Minha Amiga Flicka (1943) e A Força do Coração (1943), aos épicos; O Mais Longo dos Dias (1962), Cleópatra (1963) e Planeta dos Macacos (1968), foi em seu segundo trabalho que o ator obteve seu melhor desempenho interpretando o comovente Huw Morgan no clássico de John Ford Como Era Verde Meu Vale (1941).

Roddy McDowell é Huw Morgan em Como Era Verde Meu Vale (1941)

1 - Haley Joel Osment (1988 -)

Sem dúvidas Osment é o melhor ator mirim de todos os tempos, teve o privilégio de interpretar ótimos personagens em ótimos filmes, sendo o primeiro deles um campeão do Oscar, Forrest Gump (1994). Seu ápice, porém, veio quatro anos mais tarde em O Sexto Sentido (1998) onde atua de forma magistral e comovente. Em 2001 novamente o ator conseguiria arrancar lágrimas dos mais durões na sensível ficção cientifica de Steven Spielberg A.I A Inteligência Artificial.

Haley Joel Osment é Cole Sear em O Sexto Sentido (1998)

sábado, 4 de agosto de 2012

"O Picolino" (1935)

(Top Hat) De: Mark Sandrich, Com Fred Astaire, Ginger Rogers, Edward Everett Horton, Helen Broderick, Erik Rhodes, Eric Blore, EUA – Musical – P&B – RKO – 1935. 

O Inicio da década de 1930 permanece marcado na história do cinema em diversos aspectos e entre eles poderíamos citar; o surgimento do gênero policial (com os ótimos trailers de gangsteres lançados pela Warner) as diversas aposentadorias por parte dos antigos astros e estrelas do cinema mudo que não se adaptando ao cinema sonoro por um ou outro motivo decidiam sair de cena, e o aumento significativo das produções de animações, faroestes e principalmente musicais que cada vez mais agradavam o grande público. O estúdio RKO embora fosse pouco mais que “recém nascido” no inicio dos anos 30 e consequentemente bem inferior a seus concorrentes, se tornaram em partes, os principais responsáveis por lançar musicais de sucesso, entre eles, Voando Para o Rio (Flying Down To Rio) em 1933. Nesse filme dirigido por Thornton Freelands e estrelado por Dolores Del Rio e Gene Raymond quem roubou a cena e alcançou enorme prestigio foram os coadjuvantes Fred Astaire e Ginger Rogers que juntos cantaram e dançaram pela primeira vez. 


Fred Astaire como Jerry Travers

O sucesso foi tanto que os executivos da RKO mais que rapidamente prepararam um novo filme para ser estrelado pela dupla; A Alegre Divorciada (The Gay Divorce) que estreou no ano seguinte superando todas as expectativas. Diante do Sucesso Astaire e Rogers passaram a estrelar uma série de musicais que (ao lado de Cidadão Kane e King Kong) se tornaram os maiores sucessos do estúdio até seu fechamento em 1957. Em 1935 com a mesma equipe técnica montada desde A Alegre Divorciada, a RKO lança sob a produção de Pandro S. Berman e direção de Mark Sandrich, "O Picolino" (Top Hat), filme que viria se tornar a quintessência de Fred Astaire e Ginger Rogers. Detalhar a historia do filme é uma tarefa fácil levando em consideração que todos da série possuem o mesmo contexto, ou seja, a principio Ginger e Fred nunca se entendem, porém por ocasião do destino acabam se conhecendo, dançam, cantam e por fim ficam juntos, em suma só mudam os nomes, as músicas e as coreografias que a propósito são de uma perfeição sem igual. 


Ginger Rogers como Dale Tremont

As músicas apresentadas no filme, sem nenhuma exceção, foram as mais tocadas naquele ano nos Estados Unidos, sendo todas elas assinadas por Irving Berlin (morto em 1989 com 101 anos de idade), considerado um dos maiores compositores americanos de todos os tempos.  Em O Picolino Astaire é Jerry Travers um famoso dançarino americano que se encontra em Londres junto com seu produtor Horace (o hilário Everett Horton) a fim de estrelar um novo show. Certa noite Jerry conhece acidentalmente a bela Dale Tremont (Rogers) por quem se apaixona perdidamente, passando a persegui-la insistentemente, Tremont, porém resiste achando que o dançarino além de convencido é ainda casado com sua amiga Madge (Broderick). Diante dessa situação a trama se desenvolve repleta de encontros e desencontros, sequências hilárias e ótimos números musicais entre eles, Top Hat, The Piccolino e a inesquecível Cheeck To Cheeck que em 1999 inclusive foi incluída de forma emocionante e importantíssima no ótimo drama A Espera de Um Milagre (The Green Mile) de Frank Darabont. O Picolino foi o quarto filme da dupla Ginger e Fred, após ele muitos outros vieram, porém nenhum deles conseguiu superar o sucesso alcançado por esse que ocupa a 15º posição entre os 25º melhores musicais de todos os tempos segundo a AFI. 

✩✩✩

Travers Corteja Tremont
Apaixonado, o dançarino passa a perseguir Dale Tremont
Que não resiste aos seus encantos 
Cheeck to Cheeck
Top Hat
Astaire e Rogers  se juntam a Irving Berlin
Ginger Rogers em foto publicitária
Cartaz original do filme
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